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DOENÇA DE CHAGAS

Atualizado: 25 de ago. de 2021

Por: Mariana Mendonça Batista (IC-FAPERJ), Nayane Abreu do Amaral e Silva (Doutoranda PPGQ-UFF) e Drª. Daniela de Luna Martins (PPGQ-UFF).


Em 1909, o médico sanitarista brasileiro Carlos Ribeiro Justiniano Chagas (Figura 1, [1]) descobriu a tripanossomíase americana ou Doença de Chagas (DC), como também é conhecida.


Figura 1 - Carlos Justiniano Ribeiro Chagas (1879-1934) [1]


A DC é doença tropical encontrada, principalmente, em 21 países da América Latina. O agente causador da Doença de Chagas é o protozoário Trypanosoma cruzi (T. cruzi). [2]


Figura 2 - Trypanosoma cruzi [3]


A transmissão da doença ocorre através de insetos vetores popularmente conhecidos como barbeiros (triatomíneos) (Figura 3) que estejam infectados pelo T. cruzi. [4]


Figura 3 - Barbeiros [4]


Quando o barbeiro contaminado com o T. cruzi pica um indivíduo, libera fezes que contém o protozoário. Ao coçar a lesão, o protozoário é arrastado para a área lesionada, podendo penetrar no corpo por este local. A penetração também pode ocorrer pelos olhos, nariz, boca ou por feridas recentes. Além disso, a transmissão da DC pode se dar de outras formas, como a transmissão por transfusão sanguínea, transmissão congênita de mãe para filho através da placenta, ingestão de carne contaminada e de forma acidental em laboratórios. [5, 6]


A DC apresenta uma fase aguda e uma fase crônica. Na fase aguda da DC, a fase inicial, os principais sintomas são: febre, mal estar, falta de apetite, edemas localizados na pálpebra ou em outras partes do corpo, aumento do baço, aumento do fígado e distúrbios cardíacos. Em crianças, o quadro pode se agravar e levar à morte. É comum que nesta fase não haja nenhum sintoma da doença. Mesmo na fase crônica, muitos pacientes podem passar um longo período, ou mesmo toda a sua vida, sem apresentar nenhuma manifestação da doença. Em outros casos, a doença gera lesões em muitos sistemas, em especial no digestivo e do cardíaco. [5, 6] Os problemas cardíacos gerados pela DC são as principais causas de morte entre as pessoas infectadas. [3]


A principal forma de controlar a transmissão da doença é diagnosticar e tratar precocemente os infectados. Outra forma eficaz de prevenção é controlar a proliferação dos triatomíneos usando inseticidas. Uma medida importante é melhorar a estrutura das casas de barro, através de rebocos e fechamentos de rachaduras e frestas que são usadas como abrigo pelos "barbeiros" durante o dia. Além disso, são medidas de prevenção úteis: usar telas em portas e janelas, fazer limpeza periódica nas casas e em seus arredores; difundir junto aos amigos, parentes e vizinhos os conhecimentos básicos sobre a doença, o transmissor e as medidas preventivas e encaminhar os insetos suspeitos de serem "barbeiros" para o serviço de saúde mais próximo. [5, 6]

Sobre o tratamento da DC, podemos dizer que a situação é crítica, pois os únicos medicamentos para o tratamento da doença são o Nifurtimox e o Benznidazol (Figura 4). Esses fármacos são eficazes apenas na fase aguda. Quando o tratamento é iniciado no início da doença, têm-se como objetivos a cura da infeção e a prevenção das lesões no coração e outros órgãos. [4-7] Além da baixa eficiência, quando administrados na fase crônica da DC, os dois medicamentos geram efeitos colaterais severos, por exemplo: neuropatia periférica, anorexia, náusea, leucopenia, vômito, dor de cabeça, dor abdominal, dentre outros. [7]


Figura 4 - Estruturas do benznidazol e do nifurtimox



Referências


1- Rebeca Fuks em ebiografia.com. Os 11 mais importantes cientistas brasileiros. Disponível em: https://www.ebiografia.com/cientistas_brasileiros_mais_importantes/. Acesso 28 julho 2021.

2- a) Dias, J. C. P.; Ramos Jr. A. N.; Gontijo, E. D.; Luquetti, A.; Shikanai-Yasuda, M. A. et al. Rev. Soc. Bras. Med. Trop. 2016, 49, 3. b) Sítio da World health organization. Disponível em: https://www.who.int/news-room/facts-in-pictures/detail/chagas-disease. Acesso: 06 junho 2021.

3- I. C. M. Mendes. Disponível em : https://pebmed.com.br/doenca-de-chagas/. Acesso 24 julho 2021.

4- P. Pinheiro. Disponível em: https://www.mdsaude.com/doencas-infecciosas/parasitoses/doenca-de-chagas/. Acesso 24 julho 2021.

5- a) Dias, J. C. P.; Coura, J. R. Clínica e terapêutica da Doença de Chagas: uma abordagem prática para o clínico geral, Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 1997, 486p. b) Shikanai-Yasuda, M. A.; Carvalho, N. B. Clin. Infect. Dis. 2012, 54, 845. c) Nóbrega, A. A.; Garcia, M. H.; Tatto, E.; Obara, M. T.; Costa, E.; Sobel, J.; Araujo, W. N. Emerg. Infect. Dis. 2009, 15, 653.

6-a) BRASIL. Ministério da Saúde. Doença de Chagas. Disponível em https://antigo.saude.gov.br/saude-de-a-z/doenca-de-chagas. Acesso: 06 junho

2021. b) BRASIL. Ministério da Saúde. Doença de Chagas. Disponível em <http://bvsms.saude.gov.br/dicas-em-saude/2057-doenca-de-chagas> Acesso: 06 junho 2021.

7- a) Altmann, E.; Aichholz, R.; Betschart, C.; Buhl, T.; Green, J.; Lattmann, R.; Missbach, M. Bioorg. Med. Chem.2006, 16, 2549.b) Salomon, C. J. J. Pharm. Sci. 2012, 101, 888.




















4 hozzászólás


Bruno Alves
Bruno Alves
2021. aug. 03.

As doenças negligenciadas, incluindo a Doença de Chagas, são temas muito importantes de serem discutidos. Parabéns pelo post!

Kedvelés

Rayssa Medrado Araujo
Rayssa Medrado Araujo
2021. júl. 29.

Muito interessante! Parabéns pelo post!

Kedvelés

Ótimo texto 👏🏻👏🏻

Kedvelés

marianamendoncab
2021. júl. 29.

Incrível poder fazer parte dessa equipe excepcional!!

Kedvelés
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